CHARGES NO BRASIL IMPERIAL_ OS PRIMÓRDIOS

 

PRODUÇÃO\ PESQUISA: Halem Gabriele

A palavra charge vem do francês, e significa “carga” . Isso é simples de entender quando vemos alguma das ilustrações. Nos traços dos artistas predomina o exagero, o burlesco. A charge tem por finalidade usar a arte pra satirizar de forma criativa algum acontecimento político-social. Não é a mesma coisa de cartoon. Cartoon (estudo/esboço), por sua vez é um desenho humorístico estereotipado, acompanhado ou não de leganda, que não faz nescessariamente críticas político-sociais, mas pode ser visto em desenhos animados que vemos diariamente na TV.

CHARGES NO BRASIL:

 Selecionei alguns dos principais chargistas do Brasil Império pra fazer um pequeno artigo para o blog e abastecer nosso estoque de conhecimento um pouquinho:

A INFLUÊNCIA DAS CHARGES NO BRASIL IMPÉRIO

Introdução:

As eras do nosso mundo são registradas de várias formas. Alguns escrevem livros, outros tiram fotos, as gerações contam a história de seu tempo e os artistas criam, constroem, desenham. No Brasil, a herança histórica é muito grande. Do tempo do Império temos muitos documentos, principalmente da área política. São textos, jornais, quadros, relíquias e etc. confinadas em museus ou na mão de colecionadores, além da herança viva, que são os descendentes dos imperadores D. Pedro I e II. Nossa pesquisa trata de como as charges e caricaturas influenciaram a sociedade sob o regime monárquico, dos criadores desenhos que deixaram grande herança e seu impacto na sociedade atual. É o nosso ponto de vista com relação ao alcance dessa área na era imperial brasileira, e como a sociedade respondia aos estímulos causados pelas imagens.

CHARGES, CARICATURAS E MONARQUIA

 A palavra Charge, de origem francesa, significa carga, ou seja, exagera traços do caráter de alguém ou de algo para torná-lo grotesco e cômico. E a palavra caricatura deriva do verbo italiano “caricare” (carregar). Ambas tem significados similares na grafia, porém a charge é um comentário gráfico sobre um fato jornalístico. Já a caricatura é o retrato distorcido e bem humorado do personagem retratado, sem qualquer ligação com o fato jornalístico. A sociedade se identifica com os sentimentos expressados pelo desenhista às charges e caricaturas. O traço cômico e a situação retratada levam o expectador a formar uma opinião. Na era do Brasil Império, a situação política rendeu desenhos com elevado senso crítico. Nomes como Ângelo Agostini, Henrique Fleiuss, Rafael Bordallo Pinheiro, Candido de Faria o marselhês Daumier e muitos outros, eram respeitados pelo talento. Com naquela época não havia fotografia, as páginas de revistas e jornais eram recheadas com belas ilustrações. A litografia era o único meio de fazer a revista ilustrada. Essa técnica consiste em desenhar diretamente nas pedras de impressão. Pela excelência das obras, o período foi chamado de a “era de ouro” das caricaturas.

CARICATURISTAS INFLUÊNTES DO IMPÉRIO

HONORÉ VICTORIN DAUMIER

Fonte: http://www.daumierprints.com/about_artist.php

Entre os que desenharam D. Pedro I, o maior destaque é Honoré Daumier, artista marselhês, que deu sua contribuição a jornais como O Charivari. Sobre ele, o escritor Álvaro Cotrim escreveu: “Toda obra de Daumier é um marco imperecível de palpitante grandeza artística e rico sentimento realista, ponto de referência indispensável especialmente ao sociólogo e ao historiador, pois nela encontrarão sempre, e particularmente (…) a fonte inesgotável de pesquisas dos mais relevantes acontecimentos da época, sobretudo no espaço que mediou de 1830 a 1872”. Daumier e Pedro II pg. 20 Os desenhos de Honoré, são notórios pela grandeza de detalhes. Sua obra serve como estudo básico da história. Quanto ao Imperador do Brasil, Pedro I, personagem constante nas publicações de revistas e jornais, Daumier é tido como seu melhor retratista cômico: “ Dentro dessa ordem de considerações, chegaremos à conclusão de que o mais fiel retrato físico de D. Pedro I, à época, é o das duas charges de Daumier publicadas em La Caricature” O artista supracitado fez essa charge que trata da disputa entre o Imperador e seu irmão Miguel pelo poder de Portugal:

Pedro I e Daumier,  http://cognosco.blogs.sapo.pt/arquivo/1077656.html

RAFAEL BORDALLO PINHEIRO FONTE:

Retrato de Rafael Bordalo Pinheiro_Instituto Camoes.jpg

http://ideiasemdesalinho.blogs.sapo.pt/arquivo/458583.html

Raphael Bordallo Pinheiro nasceu em Lisboa no dia 21 de março de 1846 e morreu em 23 de janeiro de 1905. Foi um grande desenhista que desenvolveu sua obra em Portugal e no Brasil. Teve muitos livros publicados. Foi caricaturista, professor, ceramista, e jornalista. Deu grande impulso à arte caricaturisa portuguesa, e foi percursor do cartaz artístico. Abaixo, consagrada charge de Bordallo sobre Dom Pedro II:

Rafael-Bordalo-Pinheiro.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: http://sergeicartoons.blogs.sapo.pt/arquivo/2005_08.html

A arte de Rafael era mais centrada no povo. Seu famoso personagem, Zé Povinho, foi criado como a personificação da crítica social, que apesar de sofrer com a corrupção e injustiças, segue resignada, impotente. A seguir, imagem do lendário personagem em cerâmica:

 

Imagem em barro do Zé Povinho

 http://topazio1950.blogs.sapo.pt/249253.html

 

O GRANDE MESTRE ÂNGELO AGOSTINI- Inquietador do Império

 Fonte: http://www.ghq.com.br/exposicao-em-homenagem-ao-centenario-de-morte-de-angelo-agostini/

Fonte: http://www.ghq.com.br/exposicao-em-homenagem-ao-centenario-de-morte-de-angelo-agostini/

Angelo Agostini (Vernate, 1833 — Rio de Janeiro, 28 de janeiro de 1910) foi um desenhista italiano que firmou carreira no Brasil. Um dos primeiros cartunistas brasileiros, foi o mais importante artista gráfico do Segundo Reinado. Foi colaborador do jornal “O mosquito”, em 1874, e continuou até às vésperas da Proclamação da República . Viveu sua infância e adolescência em Paris, e em 1859, com dezesseis anos, veio para São Paulo com a sua mãe, a cantora lírica Raquel Agostini. Em 1864 deu início à carreira de cartunista, quando fundou o Diabo Coxo, o primeiro jornal ilustrado publicado em São Paulo, e que contava com textos do poeta abolicionista Luís Gama. Este periódico, apesar de ter obtido repercussão, teve duração efêmera, sendo fechado em 1865. O artista lançou, no ano seguinte (1866) o Cabrião, cuja sede chegou a ser depredada, devido aos constantes ataques de Agostino ao clero e às elites escravocratas paulistas. Este periódico veio a falir em 1867. O artista mudou-se para o Rio de Janeiro, onde prosseguiu desenvolvendo intensa atividade em favor da abolição da escravatura, pelo que realizava diversas representações satíricas de D. Pedro II. Aqui colaborou, tanto com desenhos quanto com textos, com as publicações O Mosquito e Vida Fluminense. Nesta última, publicou, a 30 de Janeiro de 1869, Nhô-Quim, ou Impressões de uma Viagem à Corte, considerada a primeira história em quadrinhos brasileira e uma das mais antigas do mundo. Fundou, em 1 de janeiro de 1876, a Revista Ilustrada, um marco editorial no país à época. Nela criou o personagem Zé Caipora (1883), que foi retomado em O Malho e, posteriormente, na Don Quixote. Este foi republicado, em fascículos, em 1886, o que, para alguns autores, foi a primeira revista de quadrinhos com um personagem fixo a ser lançada no Brasil. Sobre esse período, o autor do livro “ D. Pedro II e o seu mundo através da caricatura, Araken Távora, escreve: “E nessa ocasião os caricaturistas do segundo reinado, tinham novas oportunidades para ridicularizar cáusicamente o regime fustigando não apenas a figura do Imperador_ sempre apresentado como um porta-voz alienado do chefe de gabinete ou do ministério_ mas também os ministros do estado e enfim, os parlamentares acusados pelos desenhistas de humor de meros beneficiários do Tesouro Naciona” l. A história da caricatura no Brasil tem um marco em 1860, quando surgiu no Rio de Janeiro a Semana Illustrada Caricaturistas que se destacam no Brasil: Entre outros caricaturistas brasileiros se destacam Antônio Gabriel Nassara (o caricaturista do samba), Kalixto, Lan (caricaturista de personalidades da vida social e política), Ziraldo, Chico Caruso, Borjalo e Dalcio Machado, chargista e caricaturista do jornal Correio Popular. Nair de Tefé foi a primeira caricaturista e cartunista brasileira.

Referências Bibliográficas: TÁVORA, Arakén, D. Pedro II e o seu mundo através da caricatura;

Wikipédia e sites supracitados

Uma resposta para CHARGES NO BRASIL IMPERIAL_ OS PRIMÓRDIOS

  1. chargemania disse:

    O Brasil, na época do império, contou com alguns dos nomes mais aplaudidos na história, em matéria de charges. 🙂

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